segunda-feira, 28 de março de 2016

MF11. Tina Modotti, 1896-1942 (I)

Fotojornalista de alma e coração e ao mesmo tempo artista com obsessão pela perfeição. Robert Capa, fundador da Magnum, foi a sua principal inspiração no ofício difícil de “mostrar as coisas exactamente como elas são”. A sua obra é bem mais vasta, merece bem que se pesquise e conheça.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Procuro.

Procuro o lento cimo da transformação
Um som intenso. O vento na árvore fechada
A árvore parada que não vem ao meu encontro.
Chamo-a com assobios, convoco os pássaros
E amo a lente floração dos bandos.
Procuro o cimo de um voo, um planalto
Muito extenso. E amo tanto
A árvore que abre a flor em silêncio.

DF261.

Amo-te nesta ideia nocturna da luz nas mãos.

Amo-te nesta ideia nocturna da luz nas mãos
E quero cair em desuso
Fundir-me completamente.
Esperar o clarão da tua vinda, a estrela, o teu anjo
Os focos celestes que a candeia humana não iguala
Que os olhos da pessoa amada não fazem esquecer.
Amo tão grandemente a ideia do teu rosto que penso ver-te
Voltado para mim
Inclinado como a criança que quer voltar ao chão.

DF245.4

domingo, 20 de março de 2016

MF10. Helen Levitt, 1913-2009 (EUA)

Os desenhos de giz das crianças de Nova Iorque, as crianças e as suas brincadeiras extremas. Reflexos de uma infância pouco emancipadora da mulher autodidata, que aprendeu a fotografar no estúdio onde muito nova se empregou. Veio a Leica e toda uma vida dedicada às ruas, ao instante e ao belo. Ponte interessante e profícua com Walker Evans.

sábado, 19 de março de 2016

MF9. Imogen Cunningham, 1883-1976 (EUA)

Fez a primeira exposição a solo em 1914, logo após lançar um apelo às mulheres no sentido de não se limitarem a querer ultrapassar os homens, mas antes a assumir o seu trabalho, a sua profissão e uma forma própria de ser. Foi precursora da fotografia de rua, brilhante no instantâneo, mas foi também retratista genial e grande nas fotos da natureza, especialmente flores.

quinta-feira, 17 de março de 2016

MF8. Sally Mann, 1951- (EUA)

Paisagens funestas de grande dimensão, a preto e branco, foi o ponto estável a que a fotógrafa chegou. Quando começou a fotografar, fazia ensaios de leitura de estados emocionais em arranjos espaciais diversos e os seus filhos eram frequentemente parte das fotografias. Ainda não percebi se são tristes as suas imagens, porque são, todas elas, belas.

MF7. Diane Arbus, 1923-1971 (EUA)

Muitas das suas fotos mostram aquilo que jamais alguém imaginou ver. Desde as aberrações humanas até ao fantástico, há uma espécie de conspiração com vida própria que pulsa nas imagens de Diane Arbus. “Fotografa os teus medos”, dizia. Teve uma influência muito grande em diversos fotojornalistas e artistas eclécticos como Cindy Sherman. Na imagem, a "criança-granada".

domingo, 13 de março de 2016

MF6. Annie Leibovitz, 1949- (EUA)

Disse um dia que gostava que fosse possível fotografar a grandiosidade da natureza, a emoção da terra, a energia viva do lugar. O seu trabalho testemunha o talento gigante da artista e a invulgar capacidade de evocar o belo nos trabalhos por contrato, mantendo uma espécie de zona secreta e inviolável acessível apenas por ela. O retrato de Twyla Tharp que tenho sempre presente na memória demonstra para mim a força do seu trabalho em estúdio, apesar de ser conhecida no retrato por outras imagens, bem mais difundidas. Hesito, mesmo assim, em considerá-la mais retratista que esteta. É capaz de uma relação íntima com o símbolo e em função dele de quase se reinventar, a ponto de mostrar o inteiramente novo qua acaba de descobrir. Quase faz dela uma fotorreporter. É assim que a vejo. Esta imagem é da cama da pintora naturista Georgia O’Keeffe - flores -, consta que Annie chorou ao olhar para os lençóis.

sábado, 12 de março de 2016

MF5. Julia Margaret Cameron, 1815-1879 (EUA)

Estabeleceu a fotografia como arte e numa altura em que o hype da fotografia era para a maioria o hiperrealismo, ela optou por imagens fora de foco, para trabalhar e mostrar emoções. Nesta imagem, a tristeza. Notável.

MF4. Margaret Bourke-White, 1904-1971 (EUA)

Foi a primeira mulher fotógrafa a voar num avião da força aérea norte-americana, e a primeira ocidental a conseguir fotografar a indústria soviética. Destemida e determinada, conseguiu que se lhe abrissem todas as portas. Nesta foto, uma fábrica de munições da antiga Checoslováquia.

MF3. Dorothea Lange, 1895-1965 (EUA)

As migrações, a maternidade, expressões extremas, retratadas de forma eterna.

MF2. Cindy Sherman, 1954- (EUA)

Utilização impressionante da cor e texturas. Tem ainda o recorde de valor de venda de uma fotografia em leilão. Foi com esta foto. Cerca de 4 milhões de USD.

MF1. Frances McLaughlin-Gill, 1919-2014 (EUA)

Morreu a 23 de Outubro - dia do ano importante para mim - e, se ainda hoje são muito poucas as fotógrafas de moda, quando aos 24 anos foi a primeiríssima a assinar um contrato com a Vogue, eram praticamente inexistentes. Renunciou ao modelo estático, cénico e “perfeito”, inaugurando um estilo mundano, alegre e directo com o seu trabalho. Ainda hoje permanece como exemplo da área, à escala mundial.

domingo, 6 de março de 2016

Si tú y yo, Teresa mía, nunca

Si tú y yo, Teresa mía, nunca
nos hubiéramos visto,
nos hubiéramos muerto sin saberlo:
no habríamos vivido.

Tu sabes que morirse, vida mía,
pero tienes sentido
de que vives en mí, y viva aguardas
que a ti torne yo vivo.

Por el amor supimos de la muerte;
por el amor supimos
que se muere; sabemos que se vive
cuando llega el morirnos.

Vivir es solamente, vida mía,
saber que se ha vivido,
es morirse a sabiendas dando gracias
a Dios de haber nacido.

Miguel de Unamuno