Hoje era preciso que a palavra não fosse,
Que o vazio das mãos na torrente
guardasse ainda a promessa.
E que de manhã o sol não cantasse
No fresco húmido da relva ainda orvalhada.
Pois no futuro nos teus olhos sinto que és
Alabastro alfazema e lima feitos fumo pelo ar
E para onde todos vamos portal
de métricas e rimas e matriz de metáforas.
Era também preciso que o luar não chamasse
Reclamando-nos para a vigília amorosa
E que o lago não fosse prata, as lágrimas ouro
E a saudade o mais seguro dos sentimentos.
Só então talvez numa ínfima fissura temporal
Precisasse a poesia de ter um dia.
Que não. Que todos são.
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