quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Queria dizer-te

Queria dizer-te que as nuvens parecem algodão doce.
Queria dizer-te que as nuvens por dentro têm o ruído do mar na rebentação. É por isso que lhes pomos as mãos e brincamos. E também porque sabemos que o mar é inteiro e inviolável. É para sempre.
Queria dizer-te que as nuvens escondem quem vai a passar e não pode ser visto.
Queria dizer-te muitas coisas felizes sobre as cores. Por exemplo avelã, cor dourada a lembrar mel. Por exemplo azul sulfato, a cor que está antes de todas as outras. Por exemplo alfazema, que é impossível não ter cheiro. Por exemplo verde, sensível numa parra em que se toca para ver da fotossíntese e sentir a frescura da folha saudável. Por exemplo vermelho, a cor dos extremos festa e sangue. Por exemplo pêssego, a um tempo muitas cores e cor nenhuma. Por exemplo bordeaux, que quer sempre dizer cor de vinho tinto.
Queria dizer-te o que não posso dizer, mas isso tu já sabes.

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