domingo, 9 de novembro de 2014

Um soneto de Virgínia Victorino

Há quem tenha horror à simplicidade. Felizmente não é o meu caso e sempre por isso mesmo chamarei a atenção para Virgínia Victorino pelo seu talento e brilho, sempre expressos em palavras simples. É preciso amar o simples.

Amor

O amor! O amor! Ninguém o definiu.
É sempre o mesmo. Acaba onde começa.
Quem mais o sente menos o confessa,
e quem melhor o diz nunca o sentiu.

Conhece a todos mas ninguém o viu.
Se o procuramos, foge-nos depressa.
Se o desprezamos, todo se interessa,
só está presente quando já fugiu.

É homem feito sendo criança.
E quanto mais se quer menos se alcança,
ninguém o encontra, e em toda parte mora.

Mata a quem dele vive. É sempre assim.
Só principia quando chega o fim,
morreu há muito e nasce a cada hora.

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